A ti que te escrevo, a ti que me lês, a ti que de mim te lembras mesmo quando não me vês..

Saturday, May 20, 2006

O fim..


Nunca nos ensinam o que fica para lá do adeus.
É uma das injustiças da vida, que quando o adeus chega ficamos nas nossas próprias mãos.
Continuo sem perceber porque insistem em ensinar-nos a ver as horas, a apertar os cordões, a ser educado, a ter maneiras à mesa, a ler e escrever se na altura do adeus, ou no pós-adeus, já não estamos a contar as horas para estarmos em certo sítio com um certo alguém porque esse alguém já não olha para as horas à nossa espera, não nos queremos calçar porque não faz sentido saír de casa, não vale a pena ser educado porque pouca vontade temos de falar com quem quer que seja, de nada nos servem as maneiras à mesa porque a fome desaparece no fim tal como no início, ler já não é bom porque olhamos o mundo com outros olhos e escrever só nos leva a passear pelas memórias e nos enterrar-mos em depressão e profunda tristeza..
Não custava nada tentar, umas simples palavras de preparação, assim como quem ensina a andar de bicicleta e diz: "Não te preocupes, hás-de cair muitas vezes." também podiam dizer: "Vai ser horrivel, vais andar com os olhos aguados, com o nariz entupido, com respiração curta e pesada, dificilmente vais abrir os olhos e não vais ter vontade de mexer uma palha.. em suma, vais ficar catatónico.." E podiam acabar com um cliché: "Vais ver que com tempo isso passa, tudo passa."
Mas também.. os sentimentos não se ensinam, ninguém pode prever qual será o tamanho da avalanche que irá desabar. Já é bom para mim, talvez, saber que isto passa, um dia..
ou uma noite..
agora é uma questão de tempo..
de quanto?
muito.. pouco..
não faço ideia.. nem quero pensar nisso..
não tenho vontade..
ainda me agarro à ideia que as coisas boas não irão mudar.
Essas não, eu não vou deixar.
Tenho de ser forte para as manter.. são elas que me vão manter, que me trazem aqui a escrever..
Eu sei o que fica para lá do adeus.. fica um até amanhã.
Amanhã estamos cá outra vez.